Em noite festiva, Legislativo homenageia pescadores
Entrega de honrarias a homens do mar consagrou importância econômica e DNA histórico da atividade
ALCIDES MAFRA/ASSESSORIA CÂMARA PB
15 de julho de 2022
A Câmara Municipal promoveu na noite desta quinta-feira (14) a solenidade de entrega da honraria Pescador Portobelense. Até então inédita, a concessão da láurea entrou no rol de atribuições do Legislativo em 2020, com a aprovação da Lei 2.898. Como havia uma pandemia e, mais recentemente, uma eleição suplementar no caminho, a execução, planejada para ocorrer nas proximidades do Dia do Pescador (29 de junho), precisou de um tempo maior de gestação. A espera, entretanto, valeu a pena. Com um misto de graça e pesar, nostalgia e reverência, os vereadores homenagearam onze indivíduos cuja trajetória ajuda a contar um pouco da história da cidade.
A iniciativa que redundou na lei de 2020 reuniu parlamentares da bancada emedebista e ganhou amplo apoio da Casa. Um dos proponentes, o vereador Diogo Santos, classificou a solenidade como a mais importante realizada pela Câmara desde quando assumiu vaga no Legislativo “porque representa a nossa realidade, representa nossos pescadores e a nossa história”. Jonatha Cabral (Republicanos) destacou a participação da atividade pesqueira na economia da cidade e lembrou que a figura do pescador compõe o “DNA” de Porto Belo, que “é feito do trabalho e do suor de nossos pescadores”.
O mesmo tom de gratidão e reverência perpassou o discurso dos demais parlamentares, cada qual responsável por indicar um homenageado. Da única pescadora do grupo, Sueli Ferreira Tavares, 56 anos, escolhida por Silvana Stadler (PL), a Edézio Salustiano de Novaes, 86 anos, decano da noite, trazido ao plenário por Darci França (PL), o conjunto representou uma síntese do que a relação entre o portobelense e o mar foi capaz de produzir e que pode ser resumida numa meninice vivida em canoas percorrendo a orla, na juventude em conveses de embarcações em portos distantes (via de regra, Santos e Rio Grande) e no reencontro, na maturidade, com as águas calmas da baía.
A solenidade, conduzida pela presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Cristiani de Jesus, alternou momentos de graça, com a esquete protagonizada pelo “Zé do Araçá”, persona criada pelo vereador Willian Ismael dos Santos (Progressistas) e que provocou sorrisos na plateia, e de pesar, com a homenagem feita a Joel Antônio Machado, pescador que perdeu a vida em novembro do ano passado, aos 46 anos de idade — uma faceta dessa relação que, qualquer pescador sabe, é tão parte da rotina quanto um dia de rede vazia.

“É uma vida boa, mas muito ‘judiada’”, resume João Miguel da Silva Filho, 60 anos de idade, a realidade de quem pesca. “Dandão”, como é conhecido, passou por todas as fases descritas acima. Atualmente, tem sua atuação mais voltada ao turismo, por intermédio da Associação dos Pescadores Artesanais de Porto Belo, entidade criada por ele e outros colegas há mais de duas décadas para operar o traslado de banhistas para a ilha de Porto Belo. O autor da homenagem a Dandão esteve ausente da sessão: Magno Muñoz (MDB) guardou luto pela morte de sua mãe, dona Iracema de Borba, falecida no dia anterior e lembrada pelo Legislativo com um minuto de silêncio no início da solenidade.
HOMENAGEADOS:
Renaldo Renor Gonçalves
Edézio Salustiano de Novaes
Miguel Machado
Manoel Quintino de Melo
Orlando Manoel Lucinda
Ismael Antônio Machado
Manoel Dario Pinheiro
Claudemir Machado
João Miguel da Silva Filho
Sueli Benedita Ferreira Tavares
Osmar dos Santos (In memorian)